terça-feira, 14 de setembro de 2010

Relato de Gravidez e Parto da Giovana

A GRAVIDEZ

Minha gravidez trouxe com ela muitas novidades.
Trouxe novos amigos, novas idéias, novos conceitos.

Não foi planejada, mas apesar do susto inicial, foi muito bem recebida, por nós e por todos que nos cercam.
Eu já sabia que queria um parto normal na água desde que me conheço por gente, mas foi quando engravidei que percebi a dificuldade de parir naturalmente no nosso país.
A quantidade de cesáreas me assustou, a forma traumática e intervencionista de um parto hospitalar também me assustou.


Eu li muito, desde o primeiro dia, e as 12 semanas encontrei a Renata, uma doula que me ajudou a buscar respostas, buscar formas de conseguir o que eu queria.
Até então eu nunca havia ouvido falar em parto domiciliar.
No começo fiquei com um pouco de medo, mas não demorou muito para virar vontade.

O Gu, quando falei sobre o assunto, teve receio, mas em momento nenhum me disse que não toparia, ele foi um anjo e me apoiou em minhas vontades e realizações do inicio a fim, e sou grata a ele por isso.
Eu havia lido um relato de parto domiciliar que me fez ver que era aquilo mesmo que eu queria.
Conseguimos os contatos da Dra. Betina e do Pediatra Cacá.

Liguei para marcar minha consulta, o Gu me acompanhou e saímos de com a certeza que teríamos um parto em casa, e já havíamos encontrado quem estaria com a gente.
A minha família levou numa boa a idéia, quem não apoiava, pelo menos aceitava.
A família do Gu não gostou nada, e imaginaram que eu iria mudar de idéia até a Gi nascer, mas eu sabia que não ia mudar.

Com em torno de 20 semanas a Renata me apresentou a Vanessa, uma amiga que teve parto domiciliar também, e passei o resto da minha gravidez conversando com ela.
Era uma conversa agradável sempre, descobri uma amiga, estava sempre disposta a responder minhas dúvidas, por mais idiotas que pareciam ser, e esteve virtualmente presente em cada uma das etapas que antecederam ao parto.
Vibrou comigo quando a Gi encaixou as 36 semanas, e quando voltei da consulta na segunda-feira antes do parto com 3 cm de dilatação.


A Thissiane, a Sara, outras amigas que fiz em fórum, e que tiveram o parto com a Betina, antes de mim, me davam dicas, me diziam como tinham sido suas experiências, e isso também me dava animo.
Era bom estar cercada de pessoas que me apoiavam.

A gravidez foi tranqüila, não tive dores, não tive enjôos, a única coisa que me incomodava eram as azias dos últimos 2 meses, mas eu comia mylanta como se fosse bala, e isso resolvia.
Passei os meses lendo, conversando e me informando e preparando para o grande dia, eu lia relatos, lia textos, e tudo o mais que encontrava na minha frente.
E assim foi a expectativa até o grande dia...



O PARTO

Lembro-me de uma consulta do pré-natal... não lembro exato qual consulta, mas era 4 ou 5 meses...no fim da consulta eu olhei pra Dra. Betina e disse “a Gi nasce dia 27 de maio ein..” e ela disse “vira a boca pra lá, ela é de junho

A data prevista era 04/06/2010, e maio ela já tinha muitas gestantes...
Assim foi passando o fim da gravidez, eu vez ou outra comentava “a Gi chega dia 27 de maio ein..”
Não falei pra muita gente isso não, até por que, eu falava um pouco na brincadeira...
Na terça e quarta-feira dos dias 25 e 26 de maio, eu dormi, SÓ dormi, era um sono absurdo, eu simplesmente não conseguia ficar acordada.

Na quarta feira à noite (26/05) eu acordei, e acordei bem descansada... Fomos jantar na minha sogra.
Estávamos pra sair de lá e eu já disse “eu estou me sentindo estranha”.  Eu não lembro bem o que sentia, mas eu estava meio aérea... Pedi pro Gu, pra passarmos na sorveteria e comprar uns picolés, pois a Dra Betina tinha me orientado a ter uns no dia do parto, mas ele não quis passar para comprar.

E chegou o dia 27 de maio de 2010.
Acordei às 0:30h com vontade de fazer xixi... voltei a dormir.
Acordei às 1:30h com vontade de fazer xixi... estranhei, mesmo com 38 semanas eu nunca acordava mais do que 1x a noite pra fazer xixi, mas voltei a dormir
Acordei às 2:30h com vontade de fazer xixi de novo, com a barriga dura, e ai me dei conta, sim estava tudo estranho.


Nessa hora eu me lembrei de tantas e tantas conversas sobre o TP, que a diferença entre as BH e as efetivas é que a gente percebe o começo e o fim de cada contração, e elas são bem ritmadas.
Peguei o Ipod e coloquei em cronometro, e estava eu, às 3h da manhã cronometrando as contrações que vinham a EXATOS 7 min. entre elas.
Eu não sentia dor, não sentia cólicas, não sentia absolutamente nada...               
Sentia apenas a barriga endurecer e relaxar, como BH...
Acho que por esse motivo eu não acreditava que era TP efetivo, e fiquei cronometrando elas até às 6:30h da manhã, e sim, elas continuavam a exatos 7 min.!

O Gu acordou para trabalhar às 6h, eu tinha falado pra ele o que estava acontecendo, e disse que seria melhor ir trabalhar de carro, pois de fretado era muito arriscado.
Às 7h liguei para GO. Meu maior medo até então, era que ela estivesse em outro parto, mas graças a Deus ela não estava.. hehe
Conversamos, falei como estavam as coisas, e disse que não tinha dores nem nada, porém estavam vindo a cada 7min exatos desde a hora que acordei.
Ela pediu então para que eu ligasse pra ela em 1h novamente.

O Gu foi trabalhar. Como o parto seria em casa, saí aspirando tudo... mas essa hora eu já começava sentir uma cólica bem leve nas contrações...mas nada d+, algo como uma cólica menstrual bem leve mesmo....
Liguei novamente pra Betina às 8h, ainda eram de 7 em 7 min., mas agora tinham as cólicas.
Pediu para ligar novamente em 1h.
Saí caminhando em casa, organizando algumas coisas, fiquei um pouco no quarto da Gi, sabendo que aquele era o último dia do quartinho vazio, das roupas sem uso.
As cólicas nas contrações continuavam fracas d+, só me faziam respirar um pouco mais pausado, mas vinham de 6 em 6 minutos, isso eram 9h e liguei para Betina novamente.
Ela me disse que iria atender os pacientes da manhã e em seguida viria para casa.
O Gu chegou no trabalho e me ligou para dizer que havia chego, eu já disse “pode voltar pra casa”, ele saiu de lá e passou para comprar os picolés e algumas coisas que faltavam em casa.

Eram 11h da manhã, o Gu estava em casa, as contrações na mesma, a Renata (doula) já tinha sido avisada, porém eu ainda achava que não havia necessidade para ela vir até aqui, afinal, pra mim eu estava na mesma ainda, nada de dor, nada de necessidade de nada...
A Betina me ligou às 12:30h me avisando que estava saindo de SP.
As contrações já me faziam parar de falar, mas não doíam ainda, era só um forte incomodo.
Foi ai que do nada, tudo parou!
Eu entrei em pane, as contrações não vinham mais em intervalos regulares, fiquei quase 40min sem nenhuma!
Saí andando pela casa, pela chácara, fui catar coco de cachorro no quintal.
Na minha cabeça eu pensava “ai meu deus, agora a Betina está vindo, vai chegar aqui e ter que voltar pra trás!”
Renata perguntava se queria que ela viesse, mas agora eu tinha ainda mais dúvidas! Achava que era coisa da minha cabeça!
Cadê as famosas dores fortes que não tinha tido até agora? Cadê as contrações que tinham sumido? 
Eu andava de um lado para o outro, como uma louca, agachava, andava mais, para ver se elas voltavam e vez ou outra, com intervalos BEM distantes, aparecia uma, fraca.


Por fim a Betina chegou eram 14:30h...
A Primeira coisa que eu disse foi “eu não disse? Ela nasce dia 27 de maio!”
E ela respondeu “isso se nascer hoje
Conversamos um pouco, disse que eu estava paranóica por que as contrações tinham sumido.
Ela me tranqüilizou e perguntou se poderia examinar.
Foi quando tomei um baita susto.
Toque (que não doeu absolutamente nada), 6 para 7cm.
Ai eu dei risada, não acreditava que tinha chego aos quase 7 cm sem dor, sem susto, sem esforço.
Em uma contração que demorou a vir, ela pediu para eu fazer uma força e ver como estava encaixada a Gi, mas eu não tinha muita noção de força, então fiz força MESMO.
E plof. Estourou a bolsa.

Na hora a única coisa que consegui pensar era “nossa, ela faz PLOF, mesmo

O barulho era bem engraçado, meu líquido não era como água, parecia mais com uma gosma do que com líquido, ou pelo menos era a impressão que eu tive.
O Gu estava do meu lado, e pedi para ele avisar a Re, para ela vir para casa.
Renata chegou eram umas 16:30h se não me engano.
A única coisa que me lembro dela chegando, é que ela trouxe junto com ela as contrações!
Elas iam e vinham, mas eu ai já não marcava mais o intervalo entre elas, pra mim, tanto fazia, Betina já estava aqui, Renata também, Gustavo também, pronto, agora eu podia me entregar e deixar a mágica acontecer

Eu não lembro mais de horários a partir daqui.
Lembro-me que fui pra ducha, em seguida. Como era bom ficar ali, as contrações ficava muito amenas, quase não me incomodavam embaixo da água.

Mas me sentei no banquinho e respirava fundo quando elas vinham.
Eu perguntei quando iam montar a banheira, não lembro o que me responderam, mas lembro que começaram a montar ela um pouco depois.
A Re encheu a bola suíça, e eu me acomodei bem nela.
Era gostoso estar ali, doía, mas a bola aliviava, ou pelo menos essa era a impressão que eu tinha.
A certa altura, as contrações já me deixavam um pouco grogue, a Renata me fazia massagem na lombar, uma pressão MUITO boa, que aliviava no mínimo uns 80% a dor.
Eu tensionava meus ombros e a Betina me dizia pra relaxar, mas eu raramente conseguia, então ela se juntou a Re, a Re na lombar, a Betina nos ombros e braços...
Aquele momento foi bom, me senti cuidada, eu olhava o Gu enchendo a banheira (coitado, enchendo a balde, aquilo deve ter parecido uma eternidade pra ele).






Já fazia um tempo que eu estava na bola, me ofereceram então de ficar de quatro apoios na cama, colocariam a bola ali e eu apoiaria nela.
A Vanessa, uma grande amiga, disse que gostava da posição no TP, e eu confiava muito nela, e lembrei-me disso quando me ofereceram, então resolvi tentar.

Fomos para o quarto, ajeitaram tudo, e quando fui subir na cama, CONTRAÇÃO! Eu travei, caí de lado na cama, deitada de lado e MEU DEUS, aquilo era horrível, eu fiquei dura, travada, estiquei as pernas e me curvei toda, não consegui me mexer até a contração passar. Disse que queria voltar pra bola na sala, não quis nem tentar me ajeitar de novo.
Naquele momento eu entendi o porquê tantas e tantas mulheres reclamam do parto hospitalar, a contração que senti deitada, doeram no mínimo umas 10x mais do que as que eu estava sentada bonitinha na bola.
Voltei para a bola e ali fiquei, sentindo minhas contrações enquanto a Re me apertava a lombar e o Gu continuava enchendo a piscininha!

Não sei que horas eram quando fui entrar na água, mas lembro que já estava escuro, a Betina fez um toque antes de eu entrar, eu já estava com quase 8 cm.
Ela monitorava os batimentos a cada tanto tempo, entre as contrações, fora delas... pra garantir que estava tudo bem, e a cada controle, a Gi mostrava que tudo ia dar certo.
Entrei na banheira, me ajeitei da posição que julguei mais confortável, era como tomar sol.
Barriga pra cima, cotovelos apoiados no fundo, e pernas flexionadas.
Eu segurava minha lombar entre as contrações, tentando imitar as pressões que a Re fazia quando eu estava fora da água.

Mas eu tensionava muito meu ombro nessa posição, toda hora me alertavam para relaxar, mas a coisa estava forte, eu não queria relaxar, eu queria amenizar, me sentir a vontade e só (me arrependi disso no dia seguinte quando meu ombro doía mais que as contrações do parto... haha).
As contrações eram fortes, a Gi estava mais baixa já, eu estava na partolândia a um bom tempo, estava grogue, consumida pelos hormônios, não estava mais aqui, não ouvia o que falavam quando não era comigo, não via nada, não sentia nada, só sentia o meu corpo trabalhar.
E apesar de tanto ter me preparado para aquilo tudo, eu estava assustada!
Sim eu me assustei com a força que eu tinha, com a força do meu corpo trabalhando.
Estava MUITO frio, acho que foi o primeiro dia de frio do ano, eu lembro de ter comentado com as pessoas, que eu tinha comprado todo enxoval para nascer no frio, mas o bendito frio não chegava!
O Gu ficava sentado ao meu lado calado, e tudo o que eu pedia para ele, ele estava ali, pronto pra me ajudar.

A Re ficava do outro lado, respirando frio, eu não lembro muito bem dessa parte, mas ela já me contou que eu reclamei por que ela respirava gelado, até hoje ela está tentando aprender, como respirar quente.
O trabalho de parto nesse ponto já era bem forte, intenso e dolorido.

Eu lembrei da Sara, uma outra amiga que dizia que chegava um ponto do TP que dava vontade de arrancar o cu e jogar no lixo.
E eu comentei isso, por que eu também queria arrancar o meu!
A pressão da cabecinha da Gi no meu anus durante as contrações a partir dos 8 cm fez a vergonha de fazer cocô no parto ser transformada em uma neura de fazer qualquer coisa, nem que fosse cocô, pra aliviar aquilo.
Realmente, ali na hora, a gente não se incomoda muito, a gente só pensa em aliviar, respirar e que é a nossa hora, é o momento que a gente esperava.
A Re jogava água quente na minha barriga que ficava para fora da água naquele frio, o Gu do outro lado, me olhava e me trazia copos de água e servia na boca quando eu pedia, mas eu estava muito dentro de mim.

Não queria que me tocassem, não queria barulho, não queria luz, qualquer coisa externa parecia me trazer de volta de um transe que me aliviava, que me fazia perder a noção to tempo.
Eu vocalizava alto, “ahhhh” ou “uhhhhh”, aquilo que já tinha lido em tantos e tantos lugares, realmente me ajudava a soltar o peito e respirar normalmente.

Eu estava com medo ainda, da força que meu corpo tinha, da coisa toda acontecendo, eu estava em outro estado mental também. Hoje percebo que o parto é muito mais emocional do que físico, ali na hora eu estava brigando comigo mesma, com deixar de ser filha para ser mãe, com não ser mais só eu e minha mãe como sempre fomos, ali não eram mais apenas as contrações que doíam, doía a alma, doía esse corte do meu cordão com minha mãe para formar uma nova ligação mãe e filha, agora eu estava renascendo, eu estava me transformando em mãe.

Aquilo me assustava ainda mais, eu pedi anestesia, pedi cesárea, mandei todo mundo à merda (sim eu mandei todo mundo à merda mesmo!), mas eu já estava preparada pra isso, não profundamente, mas já esperava que eu iria reagir assim.
Já tinha conversado com a Betina e o Gu em uma consulta e dito que eu pediria formas de alivio, mas que não era para me dar muita bola, pois eu sabia que isso não iria resolver nada, sabia que estava fazendo o melhor para nós duas e sabia que eu tinha que passar por aquilo para crescer, amadurecer e me transformar.

Eu me conhecia, eu sabia que seria difícil essa transição emocional para mim, mas foi muito mais difícil do que eu imaginava, e isso doeu, MUITO!
O Gu me dava palavras de apoio, mas eu dava patadas nele, a Re me dava palavras de apoio, mas eu também dava patadas nela, aquele era MEU sofrimento, eu ali na hora, agi como costumava agir na minha vida antes da chegada da Giovana, era SÓ EU, ninguém sabia o que eu sentia e só eu importava no momento, eu era egoísta, e achava que ninguém me compreendia, ou que ninguém sabia o que eu estava passando.
Isso também aprendi ali. Hoje não sou mais eu quem importa apenas, e eles queriam me dar conforto e só, o emocional, a transição, era tudo meu, e só meu, mas a situação era a mesma, muitas e muitas mulheres passaram por isso, e muitas outras vão passar.
O parto está na nossa cabeça, e eles sabiam disso. Tola eu de achar que era a única.

Quando atingi os 9 cm, a Betina já havia ligado para o Caca (pediatra) vir para .
Eu não lembro que horas eram, mas acho que era em torno das 20:30h.
Aí eu já estava tão longe e fundo na partolândia que não me lembro de vocalizar mais. Eu já havia me entregado, já havia brigado D+ comigo mesma, com a minha transformação, eu já estava pronta pra mágica final, já estava pronta para ser a mãe.


Eu dormia entre as contrações, foi a única hora do trabalho de parto que lembro de soltar os braços na água quando elas acabavam e dormia até chegar a próxima.
E assim foi, até completar a dilatação.


Chegou um ponto que eu estava já ficando consciente, quando a dilatação estava total já, que eu me dei conta que o Caca não havia chego ainda, e eu perguntava por ele, ou pelo menos achei que perguntava, pois a Re disse que eu devo ter perguntado poucas vezes, eu achei que estava insistente no assunto, mas acho que eu só pensava.
A Betina me disse nesse ponto, que era melhor eu ficar de cócoras ou joelho na piscina e apoiar no Gu, por que a Gi já iria nascer e essas posições ajudariam ela a descer.
Eu fiquei com medo, pois lembrei do momento que tentei ficar de 4 na cama e caí dura.
Ela disse que agora não iria mais doer assim, por que eu já estava dilatada, não ia mais forçar o meu colo.
Eu acreditei, me ajoelhei bem na beirada e o Gu sentado do lado de fora, apoiei nele, agarrei a camiseta dele e ali fiquei, nessa posição, enquanto sentia a Gi descendo e o meu púbis abrindo espaço para ela passar.

A Re foi se encontrar com o Caca na entrada do bairro.
Eu imaginei que daria tempo de eles estarem aqui, mas não deu.
Eu perguntei se a Gi nasceria naquele dia, a Betina viu as horas e disse que sim, que nasceria no dia 27, eu fiquei feliz por ter acertado a data que ela nasceu.
A Betina aparava a cabeça da Gi, e dizia para eu não fazer muita força de uma só vez, para não machucar meu períneo.
Eu segurava o Gu, o Gu me segurava e me olhava com olhar de apoio.
As contrações vinham, os puxos eram naturais, eu fazia a força que meu corpo pedia e só.
Eu perguntei para a Betina se faltava muito, o expulsivo doía, eu não lembro de sentir o círculo de fogo, mas lembro de sentir o meu púbis abrir.

Ela me disse que nasceria rápido se fosse forte, mas que isso também iria me machucar, e eu preferi continuar seguindo apenas a força natural que o meu corpo pedia.
Não sei quantas forças foram, não me atentei a isso.

Eu lembro somente que na penúltima força eu olhei pro Gu, e quando soltei o corpo olhei pra Betina, ela estava bem próxima, e aparando a Gi ainda, eu estava cansada.
Olhei no olho dela e ela me olhou no olho com carinho, aquilo me deu força, a contração veio, eu empurrei, a Betina foi para traz, e a Gi nasceu.
Eu até agora não consegui achar palavras para descrever a sensação do corpinho dela saindo, mas eu me lembro de ter comentado, é melhor que orgasmo!

É uma sensação muito boa, de alivio com uma coisa muito forte, como se tivesse conseguido respirar novamente depois de estar afogada.
A Giovana veio para o meu colo, toda cor de rosa, toda linda, toda cabeludinha e gorda!
Sim, ela era tudo que eu havia imaginado e muito mais!
Eu não consegui chorar, aquilo havia me completado, ter ela ali, encostadinha em mim, o Gu atrás de mim olhando ela também, éramos uma família, eu era mãe.
Eu sorria de felicidade, só conseguia pensar “meu deus, como ela é linda
Ela ficou no meu colo por uns 40 min, esperamos o cordão parar de pulsar, o Gu cortou e ela ainda ficou mais um tempo no meu colo.



O Caca então perguntou se estava tudo bem ele pegar ela para pesar e medir, e eu achei que estava tudo bem.
Ela nasceu com 50 cm e 3790g, as 22:49h do dia 27/05/2010, com apgar 10/10, em casa.
Eu ainda sentia algumas contrações mais fracas, mas minha placenta ainda não havia saído.
Eu senti dor para a placenta sair, as contrações ainda me incomodavam, a Betina por fim me ajudou a soltar ela.


 Após isso, me levantei da banheira com ajuda para não cair pelo cansaço e fui tomar um banho sozinha, me auxiliaram para entrar e sair do chuveiro, mas eu estava bem, estava disposta.
Sai do banho, e fui tentar amamentar, ela não quis mamar muito, só abocanhou e lambeu um pouco meu seio, mas logo voltou a dormir.
Fui examinada para ver se havia alguma laceração, mas não tive nada, nenhum corte, nada.
Não precisei de pontos.

Meus sogros chegaram, fizeram uma janta para a gente, comemos, e fomos dormi na cama, nós três, eu a Giovana e o Gustavo.
Éramos uma família, eu era mãe, o Gu era pai, e ali no meio estava o fruto da vida, a nossa responsabilidade e o nosso amor infinito dali para frente.



Eu nasci junto com ela, descobri em mim uma força maior do que imaginava antes do parto.
Vivenciar aquilo me fez forte, me fez mulher, me fez mãe.
Passar por todas as etapas me fez crescer, me fez acalmar, me fez aprender que as coisas devem ser levadas todas ao seu tempo, e tenho que respeitar a hora de cada coisa.
A Gi não chorou quando nasceu, ficou no meu colo, aconchegada, olhando seus pais



O parto que escolhi eu consegui, com ajuda de muita gente, do Gu que me apoiou a gravidez toda, da Renata que iluminou meus caminhos para eu conseguir colocar em prática o que eu realmente queria, a Betina e nossas consultas de 1 hora no mínimo, onde ela era mais psicóloga do que obstetra. A Vanessa que já havia passado por tudo aquilo e sempre estava aberta para conversar e tirar minhas dúvidas, mesmo as mais idiotas, e a Gigi, que formou comigo uma grande dupla, e trabalhamos juntas para ela nascer tranquilamente e sem traumas.

Termino meu relato com dois textos, o texto da pipoca (obrigada Van, por me mostrar ele) e o da montanha russa (obrigada a Re por este!) 
Dizendo que eu me sinto uma pipoca.
Eu não sou um piruá, não sou um grão que resistiu a força, a dor, mas que se entregou, se transformou no que foi feito para ser.
E que o meu parto foi exatamente como a montanha russa, eu morri de medo, mas agora, eu não vejo a hora de ir de novo.
Foi simplesmente o melhor dia da minha vida, a melhor experiência da minha vida, e sou grata a cada dia por poder ser mãe. Por ter tido uma gravidez maravilhosa, um parto maravilhoso e respeitado, e por ter uma filha abençoada, que é um anjo de bebe, e que completa meus dias com muitos sorrisos e caretas!

Link para os textos: